sábado, 18 de março de 2017

Quem é que manda no nosso corpo?

E aí, meu povo. Tudo certinho por aí? 

Eu voltei!!!! Mas muita calma nessa hora porque eu estou voltando aos poucos hahahhaha. 

Mas como eu sou eu, e o PE é o PE, resolvi voltar com uma postagem pra lá de polêmica. Porque afinal se não é pra debater e discutir, eu vou morar numa caverna ahahhaha 

Bem, para quem ainda não sabe, eu não quero ter filhos. OU melhor, eu não quero engravidar. Gerar uma vida. Entendem? Nunca quis. 

E meu marido não quer ter filhos biológicos (nós pensamos em adoção, quem sabe algum dia). 

Eu morro de medo de engravidar. Pra vocês terem noção, até pílula do dia seguinte eu já tomei quando ainda era virgem. Sim, eu sou dessas surtadas que acham que podem engravidar até pelo ar. Sei lá, gravidez até parece contagiosa. Uma engravida e em cada esquina encontramos outra barrigudinha. Mas enfim...

Por muitos anos eu tomei anticoncepcional. Mas comecei a ter efeitos indesejáveis e resolvi parar. Eu sei, eu sei. Existe a camisinha. Mas apesar de ser grande fã dela, eu não confio totalmente nela para evitar a vinda de um filho não desejado. 

Como meu marido também não quer filhos, resolvemos procurar um médico para nos informarmos melhor sobre a vasectomia. 

ARGH!!!!! 

Dá raiva só de pensar. 

O cara foi tão escroto, tão ridículo, tão babaca e machista que eu não tenho xingamentos suficientes. 

Mas enfim... 

Chegamos lá (meu marido pediu para que eu fosse junto) e falamos para o médico o que pretendíamos. E eis o resultado: 



Claro que não consegui ficar quieta e comecei a "palestrar" para o médico. "Ah, claro. A responsabilidade é sempre da mulher, os cuidados também. Toma anticoncepcional que mata, aborta que mata, e tudo o mais." E o resto é impróprio para o horário. 

Achei que o médico ia me dar um tapa, mas vocês já viram o tamanho do meu marido? Pois é. Então o cara só ficou lá sentadinho e me ouvindo discursar. E eu quase nem falo hahahha. 

Mas claro que ele não desistiu e deu mais um zilhão de argumentos. Um pior do que o outro. Até que nós desistimos dele e fomos embora. 

Eis alguns dos argumentos utilizados: 

- Mas se depois você se arrepender e quiser ter um filho eu me sentirei culpado por ter tirado isso de você. Ah, claro. E se sentir culpado por deixar vir ao mundo uma criança que não poderá ser amada? O senhor pensou nisso? 

- Mas e se depois dos 40 você encontrar uma mocinha de 18 anos que queira ter filho? Que merdão! Se eu não quero ter filhos com a minha mulher, porque é que eu vou querer ter filhos com outra pessoa? 

- A vasectomia não te impedirá de ter filhos. Mas você nunca mais poderá ter um filho de modo natural. Merdão 2. Por acaso agora alguém que faça inseminação artificial é menos pai, menos mãe do que os outros? 

- Além do mais, depois de fazer o pedido do procedimento, você terá 60 dias para desistir de tudo. Vai conversar com psicólogos... Ah vá! Tive mais de 20 anos pra mudar de ideia e cês acham mesmo que vou mudar de ideia em 60 dias? 


Agora vamos ao título do nosso post: 

Quem é que manda no nosso corpo? 

Porque claramente não é a gente. Pela lei, meu marido só pode fazer o procedimento após os 25 anos ou se já tiver dois filhos. Ele tem 24 anos. O que é que um ano muda tanto? Uma decisão de anos certamente não. O corpo é dele. Mas quem manda não é ele. 

Eu bem que faria uma laqueadura ou tiraria o útero se possível fosse. Mas também não posso. Quem manda no meu corpo não sou eu. 

ALÉM DISSO, quando meu marido fechar 25 anos, vai precisar passar por todo um processo. E eu também. Para que os psicólogos "entendam" nosso relacionamento e se eu estou de acordo com a decisão dele. PUTO QUE PARIU!!!!!! É o corpo dele. Eu não tenho que estar de acordo a nada. É uma decisão dele. Ele não deveria ser impedido disso se por acaso a esposa quisesse engravidar (o que claramente não é o caso). 

E digo mais ainda, aposto que se agora, nós dois quiséssemos adotar uma criança, seríamos barrados. Ou seja, temos responsabilidade para gerar uma vida. Mas não para criar uma. 

" - Dr, eu gostaria de fazer uma laqueadura. 
- Mas você é muito nova, não sabe o que está fazendo. 
**********
- Dr, eu engravidei e queria muito abortar. 
- Nada disso. Você sabia muito bem o que estava fazendo." 


E é dessa forma que eu me despeço. Sei que o assunto é complicado para muitos e muitos talvez não tenham uma opinião bem formada sobre o assunto. E isso não é feio. Feio é não querer pensar. Não querer refletir. 

Um beijão em todos vocês e até a próxima!

4 comentários:

  1. Oi Gih. Aconteceu algo parecido comigo. O médico que me atendeu primeiramente também me disse que eu ia mutilar o corpo com uma laqueadura e ainda teve a pouca vergonha de me perguntar o que eu faria se algum dia a condição para me casar fosse ter um filho. Fiquei passada com isso, aí procurei uma ginecologista (achei que uma mulher seria mais acessível). Ela me disse as mesmas coisas e ainda acrescentou que já viu mães com sete filhos fazerem laqueadura e se arrepender, pois queriam ter mais crianças. No final das contas só consegui fazer a laqueadura porque um psicólogo me considerou apta ao processo, claro depois de fazer inúmeros testes de personalidade comigo: dizia ele que tinha de saber se eu não tinha depressão, bipolar ou se costumava trocar de ideia muito rápido. Acho que não troco de ideia rápido não, afinal tinha 5 anos quando disse pela primeira vez que queria fazer essa operação. Depois que consegui a "autorização" dele para o procedimento até que foi bem tranquilo. Claro, ainda tive que enfrentar o julgamento de enfermeiros(as) e de outros pacientes, afinal uma mulher de 26 anos tem muitos filhos para colocar no mundo e se por acaso ela não quiser isso só pode ser uma desnaturada, né! Ainda temos muita luta pela frente para sermos donos(as) de nossos corpos, pensamentos e atitudes!

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  2. Olá Gih!
    Que saudades que eu tava das suas postagens. De verdade! Espero que esteja melhor e volte com tudo. =D
    Quanto a postagem, eu cheguei a ver no seu facebook e só consegui pensar: Que ridículo!
    Bom, eu quero ter filhos, mas não gostaria de recorrer de forma alguma a laqueadura, porque a minha mãe fez e a menstruação dela sofreu muita alteração por conta disso. Não quero para mim, na boa!
    Quem sabe não mande o companheiro fazer vasectomia mesmo também. Procedimento bem mais tranquilo que uma laqueadura que abre a barriga da mulher toda.
    Ainda lembro um professor de cursinho contando quando a mulher (talvez a 4º dele, não sei, ele teve várias) teve um filho deles e ela na época tinha 29 anos. O médico ver a cesariana normal e virou para o professor, que estava assistindo, e perguntou: E ai, corta? (Fazer laqueadura)
    O professor disse: Não! Ela ainda é jovem e pode ser que queira ter mais filhos.
    Agora pensando melhor, acho que ele só disse isso porque, talvez a mulher não estivesse em condições de responder. Entendi esta resposta dele como dando um direito a mulher de fazer o que quisesse com o corpo.
    E acho que tinha que ser assim! Cada um faz o que quiser no corpo, conforme disse.
    E não acho que a médico tem que ficar perguntando e se metendo dando lição de moral para você não realizar procedimento. Penso assim!
    Beijos!

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  3. Olá, Gih.
    Que bom que está de volta. Está melhor? Espero que sim. Hoje em dia a gente não manda em nada, tudo o que a gente tem se não pagar imposto, eles tomam e o corpo muito menos. Eu também não quero ter filhos, vou colocar no mundo para que se sei que serei uma péssima mãe porque não suporto crianças. Infelizmente se você diz isso as pessoas ficam horrorizadas com você. Eu tomo anticoncepcional, mas estou pensando em parar porque já faz muito tempo. E camisinha não é confiável não, minha sobrinha está aqui para provar isso hehe.

    Prefácio

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  4. Oi Gih, sua linda, tudo bem?
    Estou passada!!! Completamente chocada!!! Como é que a mulher e o homem não podem decidir sobre o próprio corpo?? Além da questão de direitos e de escolhas pessoais, ainda existe a questão econômica. As pessoas estão desempregadas, o governo não dá emprego, como é que as pessoas irão sustentar seus filhos??? Aí vem a pessoa e não quer correr o risco de ter uma criança que não possa criar, seja por problema econômico ou por escolha, e é impedida de fazer a cirurgia? Como que isso não está sendo discutido na sociedade??? Estou sem palavras!!!
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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